Breve História dos Batistas Nacionais
O pomo da discórdia? Apenas um pontinho teológico: o Batismo no Espírito Santo como bênção distinta do Novo Nascimento, ponto esse em que os batistas não têm opinião homogênea. Jogados fora como heregesinconvenientes e perigosos. E alguns irmãos, colegas meus, cortaram os laços de amizade de tantos anos e não mais se comunicaram conosco. Será isso o “odium theologicum”?
Rui Barbosa, no “Papa e o Concílio”, diz que Lutero tirou a Bíblia do seio de línguas mortas para o alemão corrente. E, realmente nisso, consistiu a Reforma Luterana do século XVI. Talvez, eu tenha feito mais ou menos o mesmo: tirei de atas convencionais e documentos que estavam em meu poder, uma esteira de fatos que o leitor compulsará nas páginas de História dos Batistas Nacionais.
A Convenção Batista Brasileira, em janeiro de 1965, na cidade de Niterói, no Estado do Rio, expulsou cerca de 32 igrejas do seu rol. Até o fim deste ano, o número subiu a 52. Até janeiro deste ano, estávamos juntos, formávamos um corpo; portanto, os anais da Convenção Batista Brasileira eram deles e nossos também.
Há muita confusão sobre o que realmente foi a chamada “Comissão dos Treze”. Por que nasceu essa comissão, o que fez e o que deixou de fazer e como é conhecida pela nova geração? O povo de Renovação Espiritual a desconhece completamente; e os tradicionais, também chamados ortodoxos, conhecem-na na interpretação de seus líderes.
Nascimento e Achilles Barbosa, os três membros da Comissão dos Treze – da chamada ala de Renovação Espiritual, e vejam em que situação, sendo nós batistas convictos e amando a Denominação com toda a nossa alma. Pelos da esquerda, fomos chamados de “corpo de bombeiros”, “extintores de chamas” O pomo da discórdia? Apenas um pontinho teológico: o Batismo no Espírito Santo como bênção distinta do Novo Nascimento, ponto esse em que os batistas não têm opinião homogênea. Jogados fora como hereges inconvenientes e perigosos. E alguns irmãos, colegas meus, cortaram os laços de amizade de tantos anos e não mais se comunicaram conosco. Será isso o “odium theologicum”?
Em 1965, tínhamos três correntes sobre a obra poderosa do Espírito Santo: uma esquerdista, que rasgava estatutos de igrejas, tirava placas dos templos, gritava nos cultos e atacava os opositores. Nunca tivemos nada com esse grupo audaz. No outro extremo – direitista, tínhamos os nossos irmãos da Convenção Batista Brasileira, que nos combatiam e nos evitavam de toda maneira, como ainda fazem hoje. Dizem que somos barulhentos, proselitistas, subimos pelas paredes e só fazemos palhaçadas. Todavia, amamos nossos irmãos e por eles oramos, como Jesus orou na cruz. E, no centro, estávamos nós e ainda estamos.
Pelos da esquerda, fomos chamados de “corpo de bombeiros”, “extintores de chamas”, “gelados”; pelos da direita, somos exagerados, extremistas. Onde a verdade? Deus sabe o que somos e o que sempre fomos.
Nasci numa igreja batista, estudei num seminário batista e sempre trabalhei entre batistas. E ainda sou batista e não deixarei de ser batista, a não ser no céu, onde não haverá batistas e nem outros grupos quaisquer. Não abandonei uma vírgula da posição batista. Acrescentei duas realidades; se são batistas não sei, mas que bíblicas, ninguém duvida: Batismo no Espírito Santo – bênção distinta do Novo Nascimento. Esta realidade experimentei em 1958 e não posso negá-la.
E a segunda realidade são os dons espirituais, alinhados por Paulo em 1Co 12 e 14 – bênçãos para hoje. Depois do Batismo no Espírito Santo, aprendi a amar meus irmãos de outras denominações; o que antes não fazia, e aprendi a ter com eles doce comunhão. Eu era de briga e gostava de uma polêmica; como foi o meu caso com o saudoso Prof. Dr. Alberto Mazoni Andrade, sobre Igreja e Estado. Nossa batalha foi séria. Antes, porém, que esse homem de Deus fosse chamado à Glória do Senhor Jesus, reatamos nossa amizade.
A Convenção Batista Nacional foi organizada com poucas igrejas. Decorridos vinte e cinco anos, temos hoje cerca de 900 igrejas, mais de 2.000 congregações/missões, 22 seminários, literatura própria, e estamos arranhando à casa dos 200.000 membros, sem contarmos nossas crianças. Acabamos (1991) de ser recebidos pela Aliança Batista Mundial. Historiar, como deve ser historiado nosso trabalho, seria tarefa além de minhas forças. Deixo esse importante trabalho a historiadores do futuro, com ombros mais jovens e mais fortes. Ao Deus, nosso Pai e ao Senhor Jesus, nosso amado Salvador, glória para sempre até o dia da eternidade.
Pr. Enéas Tongini e Silas Leite de Almeida Trecho extraído do livro História dos Batistas Nacionais, publicado pela editora LERBAN.